OS TÊNIS UTILIZADOS POR ALGUNS DOS PRINCIPAIS TRIATLETAS PROFISSIONAIS DE LONGA DISTÂNCIA

 

Parte 2 – AS ESCOLHAS DO PASSADO E DA ATUALIDADE: Dando continuidade ao artigo anterior (clique para ler), referente aos tênis de corrida utilizados por alguns dos principais triatletas da Seleção Brasileira, neste artigo você saberá quais os modelos de tênis utilizados por alguns dos principais triatletas profissionais de longa distância no país.

Eles também relatam alguns modelos que correram no início da carreira como profissionais, além de algumas histórias interessantes.

Três atletas que também convidei para participar, apesar de 2 deles não estarem mais no triathlon profissional, mas que continuam competindo provas de longa distância em suas faixas etárias, são: o argentino Oscar Galindez, velho conhecido dos brasileiros e que por muitos anos morou em Santos, litoral sul paulista e o triatleta e treinador Ivan Albano, que tem priorizado as provas de Ultraman.

O 3º nome que continua na ativa e competindo algumas provas como profissional, é o conhecido “Caveira”, Antônio Manssur Filho, com mais de 30 anos de carreira. 

O convite também foi aceito por eles e neste artigo, os 3 contam a experiência com alguns tênis de corrida do passado e do presente, que deram uma pequena contribuição em suas vitórias e pódios.

Leia abaixo o relato de cada um deles:

 

PÂMELLA OLIVEIRA

PARTICIPAÇÃO JOGOS OLIMPICOS 2012/2016 – 4º LUGAR MUNDIAL IM 70.3 ÁFRICA DO SUL – VICE CAMPEÃ IRONMAN BRASIL 2019 – 6 VITÓRIAS EM PROVAS DE IRONMAN 70.3

“No meu inicio de carreira como profissional, utilizei o ASICS DS Trainer para os treinos e o DS Racer para competições.

A partir de 2012 quando já estava com uma melhor cadência e melhor técnica de corrida, passei a correr com o ASICS Hyper Speed em competições e a adaptação foi relativamente rápida.

Nesta época, o tênis com mais estrutura que utilizei para rodagens era o ASICS Nimbus.

Quando migrei para a longa distância após os Jogos Olímpicos do Rio, foi quando se encerrou o meu contrato de patrocínio com a ASICS.

Passei a partir de então, testar diferentes modelos, diante da conversa que eu e você tínhamos tido sobre qual modelo utilizar.

Fui entendendo melhor os tênis com que eu me adaptava melhor, tanto para treinos de rodagem, quanto para as competições.

Um exemplo de modelo que não me adaptei foi o Saucony Kinvara. Não sei por qual razão, ele gerava um tipo de dormência nos pés.

E a partir dos testes com diferentes modelos e marcas que comecei a fazer nesta nova fase de treinos para provas de longa distância, comecei a ter a percepção de que modelos mais estáveis e firmes de batida me atendiam melhor do que modelos mais macios.

Com relação à modelos com placa de carbono, minha 1ª experiência após encerrar o meu contrato de patrocínio com a Mizuno, foi com o Nike Zoom Fly 3.

É um modelo diferente, porém, não me adaptei, já que senti ser um modelo mais macio do que já estava acostumada a usar e nos treinos que utilizei assim como algumas competições, sentia as panturrilhas doloridas.

Vale dizer que no meu período de contrato com a Mizuno, o tênis para competições que melhor me adaptei foi o Shadow.

O modelo que melhor me adaptei e que corri algumas provas como o Ironman 70.3, o Ironman 70.3 Santa Rosa na Califórnia e o  Mundial de 70.3 da África do Sul em 2018 e que atualmente, continuo utilizando em treinos é o On Cloud X.

Inclusive, competi com ele no Challenge Daytona, no final do ano passado (2020).

É um tênis bem estável e firme, entretanto, me atende muito bem.

O Cloudflow  já utilizei em alguns treinos, mas comparado com o Cloud X, ele já é mais macio e foge um pouco da minha característica.

Como estou com o apoio da rede de lojas Shoe Station com os tênis da On Running, para competições atualmente estou usando o modelo Cloudboom com placa de carbono.

O fato de ser um tênis com perfil mais baixo e com mais resposta do que a experiência que tive com o Zoom Fly, o Cloudboom me atende bem melhor.

Atualmente, continuo com o Cloud X para a maioria dos treinos e utilizo o modelo Cloudsurfer para os treinos de rodagem mais leves. 

Tive algumas lesões em decorrência da corrida, mas a maioria delas, eu não associo aos modelos de tênis que tenha utilizado ao longo da minha carreira.

Somente bem no início quando migrei da natação para o triathlon, tive as primeiras lesões na corrida. 

Um ou outro modelo que utilizei podem ter contribuído, porém não foram os principais culpados.” 

 

GISELE BERTUCCI

TRIATLETA PROFISSIONAL E TREINADORA

“Um tênis que me marcou bastante como triatleta profissional foi o Nike Kukini em 2004, já que naquele ano, tive a minha melhor temporada, vencendo várias competições e conquistando alguns títulos, inclusive o Triathlon Internacional de Santos.

Antes deste período, meu primeiro patrocinador de tênis de corrida foi a Rainha na qual eu e o Alexandre Manzan éramos os triatletas que representavam a marca.

Usei muito os modelos Rainha System que tinham um tipo de cápsula de amortecimento que ficava inserida na entressola, na área do calcanhar.

Nós tirávamos a palmilha para trocar a cápsula. Nas competições, eu e o Manzan utilizávamos um protótipo que a Rainha desenvolveu, mas acho que ele não foi comercializado na época.

Logo após a minha saída da Rainha, fui atleta patrocinada pela Reebok e não lembro de algum modelo que tenha se destacado pra mim na época.

Em seguida foi a vez te ser patrocinada pela Mizuno por um longo período e o tênis de competição que utilizei bastante foi o Wave Revolver.

Com relação aos tênis com placa de carbono, minha experiência inicial foi em 2020 quando fiz um teste muito rápido na esteira com um Nike Vaporfly Next %, fazendo 2 tiros de 1 minuto.

O tênis era de uma das professoras da academia que dou aula.

Apesar de ter sido uma rápida experiência e sem ter uma percepção detalhada, consegui sentir o quão diferente é o tênis com relação à resposta, comparado com modelos de competição sem placa de carbono.

E no início deste ano (2021), pude comprar o New Balance Fuelcell TC.

Inicialmente, senti o tênis muito macio e instável no momento que coloquei nos pés pela primeira vez. 

Quando fiz alguns treinos de velocidade e também uma prova de Sprint triathlon, em condição de velocidade alta, a instabilidade e maciez diminuíram bastante.

Outros modelos que tenho é um Adidas Boston que já aposentei e em substituição à ele, comecei a utilizar para treinos de velocidade o New Balance RC 1500.

Ele é seco de batida mas, estou bem adaptada por causa da sensação de “pé no chão”.

Sobre modelos de rodagem para treinos diários, atualmente estou buscando algum que eu melhor me adapte.

Eu tive 2 pares de Hoka Clayton e foi um dos melhores que já tive para treinos de rodagem.

Quando o Clayton saiu de linha, passei a utilizar o Skechers GoRun Ride 7.

Pra mim ele é muito macio, quando comparo ele com o Hoka Clayton.

Na sequência tive um New Balance 1080 V10 e também achei muito macio como o Skechers.

É minha característica gostar de modelos mais estáveis e um pouco mais firmes de batida.”

 

ANDRÉ LOPES

TRIATLETA PROFISSIONAL

“Quando migrei para o triathlon profissional no início de 2018, de imediato não utilizava modelos com placa de carbono para competir.

Minha primeira experiência com este tipo de tênis foi somente no final de 2018 com o 1º Nike Vaporfly 4% lançado no final de 2017.

Um fato curioso que vale mencionar é que antes de passar a competir profissionalmente, ainda como triatleta amador, eu utilizava dois modelos de tênis que eram: o Saucony Triumph e o Asics Hyper Speed.

O Triumph eu utilizava com competições e o Hyper Speed para os treinos de pista.

No meu 1º ano como atleta profissional, posso dizer que com relação à tênis de corrida, foi uma ano de aprendizado sobre o que utilizar em diferentes treinos e também em competições.

E nas primeiras competições como PRO, assim como os treinos de pista, o tênis que eu corria era o Saucony Kinvara, um modelo que antes da era de placa de carbono, era utilizado por alguns triatletas profissionais em provas de Ironman.

E para os treinos de rodagem eu fazia com o Hoka Clifton. Posteriormente passei a utilizar o Hoka Rincon quando foi lançado no 1º semestre de 2019.

Sobre a experiência com o Vaporfly 4%, apesar de usá-lo somente em provas para não desgastá-lo, posso dizer que me adaptei sem muita dificuldade.

No início de 2020 assinei o patrocínio com a New Balance e fiquei bem satisfeito em virtude da variedade de modelos e a presença da marca no triathlon de longa distância patrocinando o alemão Sebastian Kienle.

Falando dos 2 modelos com placa de carbono da New Balance que são o FuelCell TC e o FuelCell RC Elite, a diferença entre os dois modelos é o peso, com o RC sendo mais leve e gerando um pouco mais de resposta.

A experiência inicial que tive com o RC Elite foi no Challenge Daytona no final de 2020 e lá, estava machucado, de forma que, não consegui explorar todo o potencial do tênis.

Atualmente utilizo o TC para os treinos longos com mais intensidade.

O que pra mim é um diferencial positivo com relação ao TC, é que no final do treino, o tênis poupa um pouco mais a musculatura das pernas em virtude do tipo de densidade de espuma agregada ao tipo e posicionamento da placa de carbono (mais macia e responsiva).

Alguns treinos de pista eu faço com o 1500 V6, pelo fato de ser um tênis mais no chão e estável.

E um dos modelos preferidos diante de todos os New Balance que tenho é o FuelCell Rebel, que acabo utilizando para os treinos de estímulos.

Apesar dele não ter placa de carbono, não deixa nada a desejar se eu compará-lo diretamente com o TC.

O TC responde um pouco mais em virtude da placa, porém o Rebel é mais leve e com boa estabilidade.

Para alguns treinos de rodagem leve, utilizo o FuelCell Propel V2, que está bem melhor nesta segunda edição, que é a atual.

Eu estou na expectativa de receber o novo RC Elite V2 que está com maior altura de entressola na área da frente o que deve aumentar a resposta na decolagem.”

 

PAULO MACIEL

TRIATLETA PROFISSIONAL / 2 VITÓRIAS EM PROVAS DE IRONMAN 70.3

“Quando comecei no triathlon profissional, o 1º modelo de competição que usei e me adaptei muito bem, foi o ASICS DS Racer 8, de forma que tive mais 2 pares.

Outro modelo que conheci após o DS Racer e também passei a utilizar foi o ASICS Hyper Speed.

Eu ainda utilizo modelos de competição com perfil de entressola baixo para os treinos de velocidade.

Minha primeira experiência com um tênis com placa de carbono foi com o Nike Vaporfly.

Usei ele em duas competições somente, que foi no Challenge Salvador onde fui vice campeão em 2019 e também na prova da PTO em Brasília no fim de 2020.

Eu não me adaptei ao tênis, acredito que pelo pouco tempo de uso, mas principalmente pela minha característica que é preferir tênis mais estáveis e firmes de batida.

Nestas 2 competições o tênis gerou bastante incômodo, diante da instabilidade que ele gera pra mim, além das dores na panturrilha.

Outros 2 modelos com placa de carbono que utilizei e me senti bem melhor com relação à resposta do tênis e também a estabilidade e batida são o Skechers Speed Elite e o ASICS Metaracer.

Entre estes dois últimos, o Skechers Speed Elite me atende um pouco melhor e atualmente, tenho usado em treinos de ritmo.

Quando as competições retornarem, provavelmente o Speed Elite será o tênis mais utilizado.

E nos treinos de rodagem, utilizo modelos de leve estabilidade como o Nike Zoom Span que ainda tenho as primeiras edições e também o Adidas Supernova Stability já fora de linha.

Os tênis de estabilidade me atendem melhor em treinos de rodagem.

Já tentei utilizar alguns modelos neutros de amortecimento, porém com diferentes modelos e marcas sempre tenho desconfortos na região da tíbia.” 

 

FERNANDO TOLDI 

5 X TOP 3 EM PROVAS DE IRONMAN 70.3

“No início da minha carreira como profissional, o 1º modelo de competição que utilizei foi o Adidas Adizero Adios, ainda quando tinha a tecnologia Adiprene antes do Boost ser lançado.

Também tive as primeiras edições do Adios Boost.

Me adaptei facilmente ao tênis, de maneira que utilizava o Adios para todos os tipos de treinos.

Nesta época, cheguei a usar o Adidas Supernova Glide para alguns treinos mais rodados, porém não me adaptei e mantive o Adios mesmo para rodagens leves.

Sobre tênis com placa de carbono, minha 1ª experiência foi com o Nike Vaporfly no início de 2018, fazendo algumas competições com ele, não tendo dificuldade de adaptação.

Utilizei por pouco tempo, já que a On Running quando iniciou a operação no Brasil, entrou em contato comigo e logo acertamos o patrocínio.

Com relação aos tênis da marca, um dos primeiros modelos que utilizei em treinos e também em provas e que me adaptei bem, foi o Cloud X, que é bem leve e tem a batida mais firme e é bem estável.

Quando o Cloudflash (modelo de competição) chegou ao Brasil, logo comecei a correr com ele mas, demorei um pouco para me adaptar, já que sentia a batida dele muito seca, comparada com a batida do Cloud X.

Desde o lançamento da nova versão do Cloudflow, no qual ficou um pouco mais macio, tenho utilizado para os treinos de rodagem e na verdade, atualmente utilizo mais o Cloudflow do que o Cloud X.

Quando o Cloudboom (modelo com placa de carbono), chegou ao Brasil, passei a utilizá-lo em treinos de velocidade e em competições.

O fator positivo do Cloudboom é a boa estabilidade que o tênis tem na aterrisagem.

Quando fui competir no Challenge Miami em Março de 2021, a On Running me enviou o novo Cloudboom Echo que ainda não foi lançado no mercado.

Após alguns treinos que fiz com ele e também no Ironman 70.3 Flórida que corri no último final de semana (Abril/2021), foi perceptível notar uma maior resposta na decolagem em virtude de mais espuma na área da frente, comparado com o atual Cloudboom.” 

 

LUIS OHDE

4X TOP 10 EM PROVAS DE IRONMAN

“Eu sempre me adaptei aos tênis de competição de perfil baixo e batida seca, desde a minha transição do amador para o profissional.

No meu primeiro Ironman Brasil em 2015 competindo no amador, fiz com o Fila Kenya Racer 3 e em 2016 já como profissional, a minha opção foi por um Adidas Adizero Adios, que não me recordo a edição.

Atualmente, revezo 2 modelos de tênis durante os meus treinos, sendo o modelo de competição com perfil baixo de entressola e batida seca que é o Fila Kenya Racer 4.

Ele é utilizado para os treinos de velocidade e as provas e para os treinos de rodagem, utilizo um modelo com mais de estrutura, mas que não seja extremamente macio, uma vez que não me adapto à tênis com esta característica.

Falando sobre a nova era dos tênis com placa de carbono, meu primeiro tênis com placa foi o Vaporfly Next % e não me adaptei.

Fiz vários treinos com ele e desde que comecei a usá-lo, sentia dores no tendão de Aquiles.

Além disso, acho ele um tênis muito macio, o que foge totalmente do perfil de tênis que estou adaptado.

Outro modelo com placa que utilizei após o Vaporfly e que me atendeu bem malhor, foi o Hoka Carbon X.

Ele tem a característica de batida firme e mais estável, tanto que também utilizava para os treinos de rodagem.

Quando fiz o meu 1º Ironman Brasil como profissional, fiz a prova machucado, com uma fratura por stress em um dos metatarsos e eu associo esta lesão que tive, durante o ciclo de treinamento, ao tênis.

Fiz todos os treinos de Adidas Adios e não alternei com um 2º par com um pouco mais de estrutura, o que provavelmente evitaria a lesão.

Fiz a prova e após a mesma, tive que ficar 3 meses tratando a lesão e só então passei a alternar 2 ou 3 modelos durante os treinamentos.” 

 

MARCUS FERNANDES

TRIATLETA PROFISSIONAL E TREINADOR

“Os primeiros pares de tênis que tive para competir foram os Olympikus do início dos anos 2000.

Naquela época, a Olympikus tinha 2 modelos de competição que eram muito leves e de perfil baixo e o melhor de tudo, extremamente baratos.

Eu costumava comprar alguns pares nas feiras das provas do Troféu Brasil de Triathlon.

Antes da era dos tênis com placa de carbono, me adaptei bem a um modelo de competição da ASICS que tinha pequenos cravos no solado na área do antepé.

Não me recordo o nome do tênis. Conheci este modelo durante um período que fiquei morando e treinando em Portugal.

Particularmente, nunca gostei de correr com tênis de perfil muito baixo, porém, era uma época que não tínhamos outras opções como atualmente.

Outro modelo que utilizei bastante em provas foi o Adidas Adizero Adios.

Apesar de ser também um modelo de perfil baixo, este foi um modelo que me adaptei bem, pelo grip e tração que tinha considerando o tipo de aterrisagem que tenho mais na área do antepé.

Os primeiros Triathlon Internacional de Santos que venci e costumava chover, fiz com o Adios e nestas condições, o tênis trabalhou muito bem com relação ao grip e tração.

Com relação ao tamanho de tênis que utilizava, sempre preferi tamanho justo, sem folga na frente, em virtude de não ter qualquer problema relacionado à bolhas.

Porém, em determinado período da minha carreira, por causa do tênis apertado, comecei a ter outros problemas e um deles foi uma lesão chamada Síndrome de Haglund, que é um aumento ósseo na região do Tendão de Aquiles.

Foi quando fiz alguns testes de tênis com você para acertarmos o tamanho.

Por usar o tênis muito apertado, cheguei a ter um problema em uma etapa da Copa do Mundo de Triathlon.

Acho que foi no México, onde tive que tirar o tênis na parte final da corrida, tamanho era a dor na área do tendão, devido à lesão que tinha, que mencionei acima.

Falando sobre tênis com placa de carbono, logo que a Nike lançou o Vaporfly 4%, comprei um para sentir se realmente havia diferença de resposta para os modelos de competição de perfil baixo e sem placa.

Me adaptei rapidamente ao Vaporfly e minha preferência por ele é mais em virtude da maciez, do que com relação à resposta.

Atualmente utilizo o Nike Vaporfly Next % para as competições e o Infinity React para os treinos de rodagem.” 

 

GUILHERME MANNOCHIO

TRIATLETA PROFISSIONAL E TREINADOR / 2 VITÓRIAS EM PROVAS DE IRONMAN

“Quando fiz minha estreia no triathlon profissional, já fazia atletismo além de correr provas de corridas de rua.

Desde as primeiras competições, utilizava modelos de performance com perfil baixo, me adaptando sem qualquer problema.

Como tive o patrocínio da ASICS por um longo período, sempre pedia para o responsável por produtos, me enviar os modelos de competição de perfil baixo.

Os modelos que melhor me atendiam eram o Noosa Fast que teve somente duas edições até ser descontinuado, o Hyper Tri (3 edições lançadas) que foi o modelo utilizado na minha Vitória no Ironman da Dinamarca em 2015.

Outro modelo foi Hyper Speed, um dos principais modelos de competição da marca utilizado por diversos triatletas profissionais na distância olímpica, mas principalmente, na longa distância e também o DS-Racer 10, que foi o modelo no qual tive minha primeira Vitória na distância full Ironman em Fortaleza (2014).

E na minha única participação no Mundial do Ironman do Havaí em 2015, também optei por correr a prova com o Hyper Tri.

E o modelo com perfil mais baixo da ASICS e muito agressivo que corri algumas provas de Ironman 70.3, foi o Piranha SP4.

É o tipo de tênis que tem de estar muito bem adaptado à ele em treinos, para não trazer surpresas desagradáveis no dia da competição.

Os modelos com mais estrutura que nesta época eu utilizava para treinos de rodagem eram o Nimbus e o Cumulus.

Sobre os modelos com placa de carbono, tenho utilizado o Nike Vaporfly Flyknit 4% e a diferença para os modelos de competição com perfil baixo e sem placa de carbono é real.

Particularmente, não acho que o Vaporfly faça com que eu corra mais rápido, entretanto, a percepção de consumo de menos energia e desgaste muscular abaixo de 4:00/km parece ser evidente.

Eu diria que o Vaporfly seria a minha escolha para uma prova de full Ironman, apesar que, estou testando outros modelos com placa em alguns treinos específicos e estabelecendo alguns comparativos com o Vaporfly.

Atualmente, para os treinos de rodagem mais longos, tenho utilizado o New Balance 1080 V10.

E uma estratégia que costumo utilizar nos 2 meses que antecedem uma prova chave, é rodar com tênis de competição com perfil baixo, mas, faço isto correndo na grama ou areia para não estressar demais a musculatura, diferentemente se eu utilizasse esta estratégia no asfalto.” 

 

IGOR AMORELLI

TRIATLETA PROFISSIONAL – 2 VITÓRIAS EM PROVAS DE IRONMAN – 8 VITORIAS EM PROVAS  DE IRONMAN 70.3 – 6 PARTICIPAÇÕES NO MUNDIAL IRONMAN DO HAWAI

“Meu primeiro tênis de competição como atleta profissional foi um New Balance RC 150.

Devo ter comprado este tênis em 2005 e fiz várias provas com esse modelo, usando até, muito além do limite da vida útil do tênis.

No final de 2007 a marca Saucony começou a me apoiar e dos tênis de competição da marca que me atenderam muito bem, foram o Fastwitch 3, o Type A 2 e o Sinister que comparado com o Type A e o Fatwitch, tinha um pouco mais de estrutura, mas era um tênis rápido.

Entre os 3 modelos que falei, o Fastwitch foi o que melhor me atendeu.

Ele foi o modelo que usei no Mundial de Ironman 70.3 de Cleawater em 2010 e também na minha primeira participação no Ironman do Havaí em 2013, mas, já sem o apoio da marc na época..

Em Kona 2013, corri com o Fastwitch 6.

Em 2014 quando a Mizuno passou a ser o patrocinador, basicamente utilizava 4 modelos entre treinos e competições.

O Prorunner era o modelo para os treinos de rodagem, o Hitogami eu utilizava para as provas e treinos de velocidade e o Sayonara que depois, foi substituído pelo Shadow. Era o tênis que eu usava em alguns treinos de ritmo.

Quando o Mizuno tirou o Hitogami de linha, a marca lançou o Sonic Tri e pra mim, a diferença era muito grande.

O Sonic tinha a batida extremamente seca e deixava a musculatura das pernas muito mais judiada do que o Hitogami.

Particularmente, achei o Hitogami muito superior.

Com relação aos tênis com placa de carbono, minha 1ª experiência foi no início de 2019, logo após o término da parceria com a Mizuno, quando comprei um Nike Vaporfly Next %.

A diferença é muito grande se comparar com os modelos de competição sem placa de carbono.

Utilizei o Vaporfly Next% em poucas provas e o diferencial que senti para os tênis que tive anteriormente, foi o quanto a musculatura das pernas ficava menos dolorida após as provas, além é claro, da resposta gerada pelo tênis.

No início de 2020 a New Balance passou a ser o novo patrocinador e o que gostei bastante é a grande variedade de modelos de corrida, tanto para competir quanto para diferentes tipos de treinos.

Inicialmente, comecei a utilizar o modelo 1080 V10 para os treinos mais leves de rodagem.

Os modelos FuelCell Propel V2 e o Prism eu tenho utilizado ambos, em treinos de rodagem com mais ritmo.

E um dos meus modelos favoritos é o FuelCell Rebel que tenho utilizado em treinos de pista.

Ele não fica muito atrás do FuelCell TC que é o modelo com placa de carbono e que costumo alterná-lo com o Rebel.

O TC é um pouco mais macio e responde um pouco mais em virtude da placa.

O modelo de competição com placa de carbono que é o FuelCell RC Elite, é o que corri no Challenge Daytona.

Comparando ele com o TC, ele é mais leve e com mais resposta.”

 

BRUNO MATHEUS

3X TOP 3 EM PROVAS DE IRONMAN 70.3

“Em 2001 quando iniciei no Triathlon, os primeiros pares de tênis que utilizava em treinos e provas eram os da Mizuno, mas não me recordo especificamente o nome dos modelos desta época.

E até o final de 2010, mantinha os modelos mais estruturados para os treinos, principalmente os de rodagem e de velocidade e os modelos de competição para as provas.

Nesta época, um modelo que utilizei em provas era o Newton Distance, com os tradicionais 4 tacos na área do antepé.

Pelo que vi, a Newton de alguns anos pra cá, adicionou mais um taco sendo agora 5.

É um tênis muito técnico que exige bastante de panturrilha, porém, não tive dificuldade em me adaptar.

Ainda nesta época do meu início no Triathlon até 2010, não tive nenhum tipo de lesão e um dos fatores que contribuíram para que não tivesse lesões, foi o fato de treinar bastante corrida na areia da praia, já que morava em Santos.

A partir de 2011 me mudei para Portugal e os treinos mudaram bastante comparados com o que eu tinha no Brasil.

Me lembro que tinha 2 treinos de pista por semana e comecei a fazê-los com os tênis de competição com perfil baixo.

Neste período eu usava um modelo de competição da ZOOT que já tinha placa de carbono.

Muita gente não sabe que a ZOOT foi uma das primeiras marcas a inserir a placa de carbono na entressola, mas, eram modelos firmes de batida e com pouca resposta.

Devido à esta mudança radical do tipo de treinamento, principalmente os treinos de pista, bastou somente 4 meses que eu estava lá para o surgimento de uma lesão de fratura na tíbia.

Migrei para o triathlon de longa distância a partir de 2016 e foi quando tive a primeira experiência com os modelos chamados de Maximalistas, os quais são aqueles que tem o perfil de entressola mais alto, como alguns modelos das marcas Hoka e Skechers.

Cheguei a usar o modelo Hoka Clifton para os treinos de rodagem, porém, mantendo os modelos de competição com perfil baixo para os treinos de velocidade e as provas.

Um destes modelos de competição que me adaptei bem foi o ASICS Tartherzeal 6.

Atualmente tenho utilizado o Skechers GoRun Ride para os treinos de rodagem e o Skechers Razor 3 para as provas.

O Razor 3 impressiona pela leveza e o conforto com relação à batida e resposta.

Ainda não tive nenhuma experiência com os modelos com placa de carbono desde o 1º lançamento no final de 2017 que foi o Nike Vaporfly 4%.”

 

CHICÃO FERREIRA

TRIATLETA PROFISSIONAL

“O 1º modelo que comecei a usar já como triatleta profissional foi o Nike Zoom Streak Spectrum, um modelo de competição que não tinha o perfil de entressola extremamente baixo como outros modelos.

Era um modelo muito leve e com boa resposta. Em seguida à este Nike, passei a usar um modelo de competição da Adidas que chamava Concerto e comparado com o Nike, ele tinha o perfil de entressola mais baixo e um pouco mais estável de batida.

Em 2012 a marca americana Spira chegou no Brasil e tive a partir daquele ano, uma parceria de apoio com a marca.

O problema é que não tinha uma grande variedade de modelos.

Naquela época a Spira tinha 3 modelos, sendo que somente 2 eram comercializados no Brasil.

O Spira Stinger XLT era o modelos para treinos e o Stinger era o modelo de performance.

Cheguei a usar ambos os modelos em provas mas priorizava fazer com o Stinger, já que era mais leve e um pouco mais macio e eu me adaptei bem aos modelos.

Para quem não conheceu a marca e os tênis, a Spira tinha uma tecnologia que eram 3 anéis em molas, uma mais alta no calcanhar e duas na área do antepé, com o objetivo de gerar maior propulsão.

Mas não era um diferencial comparando com os tênis de competição e rodagem das principais marcas naquele período.

Eu fiquei com o apoio da Spira até a operação ser encerrada no Brasil em 2015.

Em seguida, tive o apoio da Puma quando ela estava mais presente no mercado de corrida e eles tinham uma linha para treinos e para competições bem técnica que era a linha FAAS.

O FAAS 100 era o principal modelo de competição com perfil de entressola muito baixo.

Eu usava para provas na distância Sprint e olímpica e o FAAS 300 era também um modelo de performance com perfil de entressola um pouco mais alto do que o 100 e que usei bastante em treinos de pista e provas de Ironman 70.3 e Ironman.

Para os treinos de rodagem eu usava o FAAS 600.

Por último, tive o apoio da Saucony e os modelos que mais utilizei eram o Kinvara 9 e o Saucony Type A8, este último para provas curtas e treinos de pista.

Atualmente uso um Nike Vomero para os treinos de rodagem e ainda utilizo o Kinvara 9 e o Type A8 para treinos mais específicos.

Recentemente comprei o Nike Vaporfly Next % e foi a primeira experiência com um modelo de placa de carbono.

Não há como compará-lo com com os modelos de competição sem placa que já tive.

Mas eu acho que toda a resposta que o tênis gera não está totalmente ligada à placa de carbono, mas também, à espuma que a Nike desenvolveu, considerando que é macia e responsiva.” 

 

SANTIAGO ASCENÇO

7 VITÓRIAS EM PROVAS DE IRONMAN 70.3 / TRIATLETA PROFISSIONAL E TREINADOR

“Desde o meu início de carreira como profissional, sempre gostei e me adaptei aos modelos de competição com perfil de entressola baixo.

Em dois períodos diferentes da minha carreia, já tive a Mizuno como patrocinadora e, neste período mais recente que se encerrou no 2º semestre de 2019, o modelo de competição que eu gostava era o Hitogami, que esteve presente no mercado por 4 edições.

A Mizuno lançou no lugar do Hitogami, o Sonic Tri que tinha uma batida muito seca.

Outra marca que foi minha patrocinadora por um longo período, foi a ASICS e ela tem uma variedade maior de modelos de competição com perfil baixo, comparada com a Mizuno.

Na época, utilizei bastante em treino de pista e competições, o Hyper Speed.

Vale ressaltar que para treinos de rodagem, utilizo modelos de amortecimento com mais estrutura.

Com relação aos tênis com placa de carbono, minha primeira experiência com este tipo de tênis foi com o Nike Vaporfly Next % , logo após o término de patrocínio com a Mizuno.

Foi absurda a diferença de resposta para os tênis de competição que eu estava acostumado a usar com perfil baixo.

Se por um lado a maciez e resposta era um fator de destaque positivo, por outro, a instabilidade do Vaporfly é evidente.

Esta instabilidade torna-se menos acentuada em velocidade alta.

Eu também tenho o Nike AlphaFly Next %. São respostas diferentes em percursos diferentes.

Se é uma prova com altimetria, minha opção é pelo Vaporfly Next, mas, se é um percurso mais para o plano, a opção é o Alphafly.

De um modo geral, acho o Vaporfly mais responsivo do que o Alphafly.

Outros 2 modelos com placa de carbono que também testei foram o Hoka Carbon X e o Saucony Endorphin PRO.

São bem mais estáveis do que os Nike, porém, com bem menos resposta.

Atualmente tenho utilizado para os treinos de rodagem o Nike Tempo Next % e me adaptei bem à ele.

Sobre o Nike Vaporfly ou o Alphafly se no longo prazo eles podem gerar algum tipo de lesão em atletas amadores que, acabam utilizando ambos os modelos ou um deles na maioria dos treinos, acredito que possa contribuir para algum tipo de lesão sim.

E tem que considerar alguns fatores, como pisos irregulares como calçadas, agregando esta condição à instabilidade do tênis, sem contar se este atleta amador tem uma pronação acentuada.

Acredito que ele entra em uma linha de risco com este tipo de tênis.

Tenho um grau de pronação mais acentuada no pé direito e quando estou correndo com o Vaporfly ou o Alphafly, tenho que ficar atento se estiver em uma superfície mais irregular, devido ao aumento da instabilidade.” 

 

FRANK SILVESTRIN 

3X TOP 5 IRONMAN BRASIL / TRIATLETA PROFISSIONAL E TREINADOR

“Desde as minhas primeiras competições na distância olímpica e também quando migrei para a longa distância, sempre usei tênis com perfil baixo e até hoje mantenho essa característica de tênis.

Um dos primeiros modelos com esta característica que usava em provas de Sprint, era o Nike Katana Racer.

Nesta época, a Olympikus, Fila e Adidas tinham modelos muito leves e extremamente baixos.

Já nas primeiras provas de meio Ironman, usei um tênis da ZOOT com placa de carbono.

A ZOOT começou a produzir alguns modelos com placa de carbono a partir de 2007, porém não há como comparar com os tênis atuais com placa, pois as espumas de entressola naquela época, de um modo geral eram muito rígidas, não gerando a respostas que os atuais modelos geram.

Minha estreia na distância Ironman foi em 2011 no Ironman Cozumel e lá corri com um Skechers GoRun.

A partir de 2012 começou a meu contrato de patrocínio com a Skechers que se encerrou na segunda metade de 2019. Uma parceria duradoura.

Um fator que despertou a curiosidade de alguns triatletas amadores, foi com relação ao tênis que corri o Ironman Brasil 2019, onde obtive a 3ª colocação e assegurei a classificação para o campeonato Mundial do Ironman Havaí naquele ano.

Corri com o Skechers GoRun Ride 7, um modelo de amortecimento, com perfil mais alto e que foge do perfil de tênis que prefiro que é com entressola mais baixa.

Gostaria de ter corrido com o modelo de performance Razor 3 Hyper, entretanto, o modelo ainda não era comercializado no Brasil.

E das opções da Skechers que experimentei para a prova, o GoRun Ride 7 foi o que melhor atendeu nos treinos.

Para o Mundial de Kona no mesmo ano de 2019, fechei o patrocínio com a Under Armour e lá eu corri com o modelo Velociti 1. Um modelo leve, mas não era tão estável.

Minha experiência com algum modelo com placa (mas não de carbono), foi com o Under Armour Machina.

Não senti uma resposta maior na decolagem comparado com modelos que já usei no passado, sem placa de carbono ou de Nylon, que é o caso do Machina.

Em decorrência da pandemia e também por chegarmos em um acordo para a continuidade da patrocínio, encerramos a parceria no final de 2020.

Eu testei o Nike Vaporfly Next % em alguns treinos e pra mim a instabilidade prevaleceu mais do que a resposta, considerando também que prefiro o tênis mais estável de batida do que macio.

Atualmente estou testando um modelo de competição com placa de carbono e um modelo de rodagem para treinos.

Ainda não posso divulgar qual modelo e marca, já que estamos em conversas para um contrato de patrocínio.

A possibilidade te poder testar os modelos e poder dar o feedback direto para o time de gestão de produtos e tecnologia é algo que valoriza o atleta profissional.” 

 

OSCAR GALINDEZ

CAMPEÃO MUNDIAL DE DUATHLON 1995 / 1 PARTICIPAÇÃO EM JOGOS OLÍMPICOS / 3 VITÓRIAS NO IRONMAN BRASIL / 12 VITÓRIAS EM PROVAS DE IRONMAN 70.3

Durante minha carreira como atleta profissional e mesmo agora, correndo como amador, minha preferência sempre foi por modelos com perfil de entressola mais alto, do que os com perfil muito baixo.

No início da carreira profissional, corria com o Nike Mariah, um modelo muito leve.

De um modo geral, nunca me adaptei bem com os modelos da Nike.

Os que experimentei, tinha a entressola muito mole, o que me instabilizava demais na aterrisagem.

Fui patrocinado pela Reebok por mais de 15 anos e um dos modelos que eu gostava de usar para competir era o Speed Racer.

Este modelo foi utilizado pelo alemão Normann Stadler em 2006 no Mundial de Kona quando ele foi bicampeão da prova.

O Speed Racer era um modelo muito leve e o solado era todo em EVA.

O fator negativo dele era a falta de aderência e tração em piso molhado.

Por incrível que pareça, eu preferia modelos mais estruturados e confortáveis do que leves.

Os modelos que eu usei nas 3 vitórias que tive no Ironman Brasil, foi com um modelo de rodagem da linha Premier da Reebok que tinha pelos anos de 2006 e 2007.

Após o término do meu contrato com a Reebok, fui por um curto período patrocinado pela Saucony.

O modelo que eu utilizava para as competições era o Fastwitch. Comparado com o Speed Racer da Reebok, era mais baixo e batida bem firme.

Era um bom tênis de competição de um modo geral, mas não era a minha preferência.

Em 2012 assinei com a Olympikus e me lembro do principal modelo da marca, que era o RIO.

Fiz algumas provas com ele, mas assim como o Fastwitch no período da Saucony, não era o que melhor me atendia em decorrência do baixo perfil da entressola.

Minha última parceria com marca após a Olympikus e ainda como atleta profissional, foi com a marca Brooks.

Era um formato de patrocínio diferente, no qual acertávamos para cada prova e esta parceria era feita através da Brooks Panamá. 

De todas as marcas que já usei, pra mim, foi a melhor considerando os tênis que usei.

A linha Pure que ainda é possível encontrar alguns modelos, era espetacular.

Um fato que vale falar, foi o Ironman 70.3 Panamá que venci em 2013. Corri com o modelo Pure Cadence de leve estabilidade e não usei meias naquela prova. 

Não tive qualquer problema e continuei utilizando não só o Cadence em outras competições, mas também os modelos de treinos, mesmo sem ter um patrocínio fixo.

A Brooks e Saucony são duas fortes concorrentes não só no mercado americano, mas ao redor do mundo.

E pra mim, a Brooks me atendeu bem melhor de uma maneira geral.

Tive uma boa experiência em 2019 com a marca New Balance após fazer a consultoria de tênis com você.

Comprei um New Balance 1080 V9 em 2019 e foi com ele que fiz o Ironman do Havaí naquele ano.

O tênis atendeu muito bem na prova e continuei usando ele em treinos e toda experiência foi positiva.

Com relação aos tênis com placa de carbono, minha experiência com este tipo é recente e muito pouca.

Usei o Hoka Carbon X2 no Challenge Miami e o que me agradou foi a estabilidade, porém, tive alguns problemas com ele sendo um deles, o surgimento de bolhas.

Outro desconforto que tive, foi o fato do pé esquentar demais, a ponto de parecer que estava pegando fogo.

O meu filho Thomaz teve o mesmo problema de esquentar o pé, também no Challenge Miami.

No meu caso, não sei se esta sensação ocorreu pelo fato de eu ter comparado um tamanho maior do que já estou acostumado a usar com folga e por causa disso, o pé ficou atritando mais no solado.

Estes problemas ofuscaram um pouco a minha percepção com relação à reposta do tênis em virtude da placa de carbono.

Outro fator que me surpreendeu, foi desgaste do solado com pouco tempo de uso.

Ainda não sei se tentarei experimentar algum outro modelo com placa de carbono futuramente. Se eu testar, provavelmente será o Saucony Endorphin PRO ou o Brooks Hyperion Elite.

Atualmente estou usando para treinos e provas o Saucony Ride ISO 2 e continuo o New Balance 1080 V9.” 

 

ANTÔNIO MANSSUR FILHO

TRIATLETA PROFISSIONAL / CAMPEÃO MUNDIAL DE AQUATHLON 2009

“Eu comecei no Triathlon em 1988 e nesta época usava o Nike Air Mariah.

Havia um outro modelo da Nike nesta época, que era só calçar, sem a necessidade de amarrar.

Não me recordo o nome agora. Corri com este modelo em uma prova de triathlon em 1990, onde competi com ninguém menos do que o triatleta norte-americano Mike Pigg.

Também durante os anos 90, utilizei um modelo da Mizuno chamado RunBird que tinha um visual de tênis de lifestyle, apesar de ser um modelo de corrida e com perfil baixo.

Durante toda a minha carreira, eu usei mesmo em treinos, mais modelos de competição de perfil de entressola baixo do que modelos mais estruturados, com mais amortecimento.

Estes tênis mais altos e pesados acabam atrapalhando na minha mecânica de corrida, além do que, faço bastante treino de pista.

Quando a Brooks chegou ao Brasil pela 1ª vez em 2006, por um período, tive o patrocínio da marca e um modelo que me marcou muito, foi o T5 Racer.

Entre as 7 edições lançadas, o 5 foi a melhor edição, em virtude da malha de cabedal não atritar quase nada com os pés.

O perfil da entressola era muito baixo, porém com uma densidade de espuma macia e com boa resposta.

E o T5 Racer foi o modelo que eu usei quando me tornei campeão mundial de Aquathlon em 2009 na Austrália.

Quem acompanha o triathlon de longa distância há algum tempo, vai se lembrar do 1º título mundial conquistado pela britânica Chrissie Wellington no Ironman Havaí em 2007 e neste ano, ela correu em Kona com o T5 Racer.

E nos últimos anos, antes da era dos tênis com placa de carbono, usei algumas edições do Adidas Adizero Adios e também os Asics Tartherzeal 6 e Hyper Speed.

Entre estes 2 modelos da Asics, o Tartherzeal era mais baixo e mais firme de batida.

Estou competindo provas de triathlon há mais de 30 anos e felizmente, durante toda a minha carreira, tive pouquíssimas lesões.

Muito tempo atrás, tive umas lesões na região do tornozelo de calcanhar e eu associo elas ao tênis.

E isto ocorreu na época do Mizuno RunBird, início dos anos 90. Mas não foi nenhum tipo de lesão crônica que tive de ficar por muito tempo parado.

Atualmente, venho tratando uma lesão no quadril, mas não há qualquer relação ao tipo de tênis que uso e sim, um desgaste por todos estes anos competindo no alto nível e não fazendo exercícios de fortalecimento e mobilidade.

De um tempo pra cá, tenho priorizado bastante o fortalecimento e exercícios de mobilidade e tenho sentido evolução.

A partir de 2017 quando a Nike lançou o primeiro modelo com placa de carbono desta nova era, que foi o Vaporfly 4% e, acompanhando primeiro os maratonistas africanos utilizando estes modelos, logo achei que seria uma revolução no mercado de tênis de corrida, de um modo geral.

Particularmente pra mim, achava que não funcionaria diante da minha adaptação aos tênis de competição com perfil de entressola muito baixo.

E a grande maioria dos modelos com placa de carbono tem o perfil de entressola bem mais alto e principalmente na área da frente do tênis.

Minha primeira experiência com um modelo de placa de carbono foi com o Nike Zoom Fly Flyknit.

E de cara notei principalmente a diferença de resposta diante dos modelos baixos e sem placa.

A partir do momento que me adaptei ao Zoom Fly, investi no Nike Vaporfly Next % e por ele ter uma outra configuração com relação à espuma da entressola, posicionamento da placa e por ser mais leve, eu agora não consigo usar outro modelo.

Ele acaba rápido, tanto que estou no meu 2º par.

Pra mim, os meus tempos em alguns treinos melhoraram um pouco e credito parte desta melhora ao Vaporfly.

Não tive problemas relacionados à instabilidade, que é um fator que ocorre com alguns atletas.

Sem dúvida que a instabilidade que o Vaporfly acaba gerando é em decorrência da mecânica de corrida e tipo de pisada de cada atleta.

Um detalhe que vale ressaltar é que eu utilizo ele sem meia em alguns treinos e não tenho qualquer problema relacionado à atrito.

Pra mim o Vaporfly Next % atende bem sem meia.

Apesar de estar totalmente adaptado ao Vaporfly Next %, se tiver a oportunidade, testarei outros modelos com placa de carbono como Adios Pro 2, o Hoka Rocket X e o recém lançado Asics Metaspeed Sky.” 

 

IVAN ALBANO

EX-TRIATLETA PROFISSIONAL / 4X CAMPEÃO UB515 E TREINADOR

“Os tênis que usei nas primeiras provas de triathlon tanto na distância olímpica quanto na distância de meio Ironman, eram da Nike mas, não me recordo o modelo.

Me lembro que os tênis eram bem leves e com pouca estrutura na malha de cabedal, não gerando muito suporte.

Quando passei a correr provas de Ironman, inicialmente mantive os mesmos Nike que já vinha utilizando em distâncias menores.

Depois de alguns anos fazendo Ironman, o modelo que usei por muito tempo mesmo após sair de linha, foi o Nike Zoom Streak Spectrum.

Este já era um modelo de competição com mais tecnologia tanto de entressola quanto de malha de cabedal.

Um modelo que usei no período que tinha o patrocínio da marca de bike Scott, em 2010, foi o tênis de competição da Scott lançado em 2009.

Era um modelo com perfil de entressola baixo, com uma batida extremamente seca.

Fiz o Ironman Brasil em 2010 com este tênis da Scott e cheguei na prova com uma fratura por stress.

Apesar deste Scott ter sido um dos modelos de competição mais desconfortáveis que já tive, acredito que o tênis que contribuiu para a o surgimento da fratura por stress foi um Newton Distance.

Estava bem adaptado à ele e o utilizei mesmo após os tacos na área do antepé estarem totalmente deformados. Foi um erro meu.

O período que tive o patrocínio da Saucony entre 2011 e 2012, já conhecia os modelos antes de entrar para a marca, pelo fato dela ser muito presente no Triathlon de longa distância, patrocinando vários triatletas de renome ao redor do mundo.

Os 3 modelos que me adaptei muito bem foram o Type A, Fastwitch e o Kinvara.

Ainda tenho as edições daqueles anos. E destes 3 modelos, o que mais gosto é o Kinvara.

E foi com o Kinvara que fiz os 2 primeiros Ultraman Brasil (UB 515) em 2014 e 2015. Nenhum problema durante os 84km de corrida.

Em 2016, quando conquistei o Tricampeonato do UB 525, me lembro que conversamos bastante para saber qual tênis eu deveria usar na prova, mesmo o Kinvara tendo funcionado bem nos anos anteriores.

Você recomendo o Clifton. Comparado com o Kinvara neste tipo de prova, achei que o Clifton poupou um pouco mais a musculatura das pernas.

Nos Ultraman da Florida e do México, usei o Hoka Tracer 2.

Não me adaptei com o Clifton 4 e aí conversamos. Foi então que optei em usar o Tracer por ser um modelo de competição e não achei ele firme de batida. 

No último Ultraman Brasil que me tornei tetra campeão, foi com o Nike Zoom Fly Flyknit que você tinha sugerido. Ele foi a primeira experiência com um modelo de placa de carbono.

Me lembro que comprei ele pela internet e quando chegou, fiz um treinos de 42km na esteira e não tive nenhum problema.

Voltei a usá-lo somente no UB 515.

Como gostei bastante do Zoom Fly Flyknit, comprei o Zoom Fly 3, mas não me adaptei.

Achei bem mais desconfortável e com menos resposta do que o Zoom Fly Flyknit.

Em 2019 comprei o Nike Vaporfly Next % e realmente não dá para comparar com os Zoom Fly.

O Vaporfly Next responde muito mais, porque a espuma da entressola é mais macia, além de ser bem mais leve. A instabilidade dele não é um fator que me incomoda.

Recentemente, comprei o Nike Alphafly Next % e o que acho dele, comparando com o Vaporfly Next %, é que sinto ele mais confortável, com um pouco menos de resposta.

Se eu vier a fazer Ultraman novamente, utilizaria um destes dois modelos.

Esta decisão irá acontecer quando eu conhecer ambos, nos treinos de longa distância.

Para treinos de rodagem atualmente eu revezo entre os Hoka Cavu, Hoka Mach e o Nike Zoom Fly 3, mesmo não me adaptando bem á este último.”

 

Estes foram então, os relatos dos atletas.

Agradeço mais uma vez à todos os que disponibilizam um pouco do seu tempo, para conversar comigo, falando suas impressões dos seus tênis e compartilhando um pouco de suas trajetórias no esporte. Mais uma vez, obrigado pela confiança.

Espero que você Leitor, tenha apreciado esse artigo Parte 2 – AS ESCOLHAS DO PASSADO E DA ATUALIDADE tanto quanto eu.

Para ler a primeira parte do artigo com os relatos de alguns Triatletas Profissionais da Seleção Brasileira, Clique aqui.